Então fica assim combinado: os livros você me devolve, seus discos te mando por sedex. Nada de amorzinho para cá, nem beijinho para lá. Comigo, conosco, é tudo preto no branco – ou é, ou não é. Toalha molhada em cima da cama, sapato virado no meio da sala, indagações que por ventura possam surgir no meio de um dia despretensioso e ensolarado – nada disso é digno de um relacionamento. No meu, aquele que projeto desde que me entendo por gente, pois bem, no meu relacionamento as coisas andam “pianinhas”: toalha molhada fica no varal, sapato fica arrumado na sapateira, e indagações simplesmente não existem – tudo vem pronto, arrumado, colocado, imposto. Nada de perguntar para o outro o que se passa na cabeça, e no coração, dele: temos de ser, além de tudo, malabaristas/descobridores dos pensamentos alheios. Se quiser saber, descubra, mas não me pergunte como. E o que, por ventura, eu quiser te contar, te contarei: e ainda com a vantagem de dizer, no final, que fui sim uma pessoa honesta, e que participei as minhas intenções contigo...
Então fica assim combinado: eu vou chorar, e longe dos olhos do mundo. Não quero contato porque simplesmente tudo o que imaginei não se concretizou. Você fica ai, no seu canto, e eu fico aqui, tentando ficar no meu. Nada de ligações no meio da noite, e muito menos aparição surpresa: nada disso me atrai, e simplesmente terei uma síncope nervosa caso algo fuja do meu controle. E-mails? Só se for daqueles que a gente costuma encaminhar pra meio mundo, com umas telas bonitinhas e musica de fundo. Ah, e nada de corrente pra qualquer tipo de santo: vai que eu caio em tentação e peço pra algum milagreiro te colocar aqui na minha vida, como num passe de mágica. Conversa à toa no telefone pra preencher uma tarde sem graça no trabalho também não vale: seria dar muita asa pra cobra, ou melhor, muita sopa pro destino. E dar sopra pro destino é algo que não faço: eu te disse, lá no começo, que relacionamento meu tem que ser do jeito que eu quero, e não do jeito que ele se molda pra ser...
Então fica assim combinado: nada de leituras num domingo à tarde, nem de cinema em dia com chuva de verão - tudo pra nós agora é cinza, seco e sem palavras. E vamos ficar cada um com seu cada qual: sou eu comigo, e você com você. Nada de dividir o mesmo prato, nem o mesmo talher: cada um faz seu prato e come o quê, e do jeito, que bem entender. Nada de se preocupar se o outro está se alimentando direito, se a faculdade está sendo muito puxada, se as bolhas do calcanhar sararam, se o um está dormindo direito porque o outro ronca, se o edredon é muito grosso porque um sempre tem mais calor, se o edredon é muito fino porque outro sempre tem mais frio... Nada de tentar descobrir qual o prato predileto de um, ou de outro... Para nós nada de final de semana – todos os nossos dias, os sete, serão úteis. Ok, isso é para nós, em conjunto. Mas para cada um, individualmente, fica a nosso individual critério fazer de cada domingo não compartilhado o melhor domingo que poderemos oferecer a nós mesmos. Sozinhos.
Então fica assim combinado: a viagem prometida, cancelada. O passeio na cachoeira, fora de cogitação. As tardes de leitura na livraria, nem pensar. A promessa de compartilhar uma vida com todas as suas arestas, projeto cancelado! Tudo para nós, a partir de hoje, é o sonho de algo que poderia ter sido um dia, e não foi. Tudo para nós, a partir de hoje, passa a ser nada: nada do que você disser me fará mudar de idéia, nada do que a vida entregar me fará pensar diferente, nada do que eu sentir fará algum sentido... O nada se transformará na moeda corrente do nosso mundinho, aquele que um dia pensamos poder existir. E nada, nada mesmo, nos aproximará tanto quanto aquela vontade genuína de fazer de algo tão, à primeira vista, incerto, uma promessa e um objetivo de vida para duas pessoas que mal se conheceram, mas que souberam da importância uma para a outra.
Então fica assim combinado: eu vou chorar, e longe dos olhos do mundo. Não quero contato porque simplesmente tudo o que imaginei não se concretizou. Você fica ai, no seu canto, e eu fico aqui, tentando ficar no meu. Nada de ligações no meio da noite, e muito menos aparição surpresa: nada disso me atrai, e simplesmente terei uma síncope nervosa caso algo fuja do meu controle. E-mails? Só se for daqueles que a gente costuma encaminhar pra meio mundo, com umas telas bonitinhas e musica de fundo. Ah, e nada de corrente pra qualquer tipo de santo: vai que eu caio em tentação e peço pra algum milagreiro te colocar aqui na minha vida, como num passe de mágica. Conversa à toa no telefone pra preencher uma tarde sem graça no trabalho também não vale: seria dar muita asa pra cobra, ou melhor, muita sopa pro destino. E dar sopra pro destino é algo que não faço: eu te disse, lá no começo, que relacionamento meu tem que ser do jeito que eu quero, e não do jeito que ele se molda pra ser...
Então fica assim combinado: nada de leituras num domingo à tarde, nem de cinema em dia com chuva de verão - tudo pra nós agora é cinza, seco e sem palavras. E vamos ficar cada um com seu cada qual: sou eu comigo, e você com você. Nada de dividir o mesmo prato, nem o mesmo talher: cada um faz seu prato e come o quê, e do jeito, que bem entender. Nada de se preocupar se o outro está se alimentando direito, se a faculdade está sendo muito puxada, se as bolhas do calcanhar sararam, se o um está dormindo direito porque o outro ronca, se o edredon é muito grosso porque um sempre tem mais calor, se o edredon é muito fino porque outro sempre tem mais frio... Nada de tentar descobrir qual o prato predileto de um, ou de outro... Para nós nada de final de semana – todos os nossos dias, os sete, serão úteis. Ok, isso é para nós, em conjunto. Mas para cada um, individualmente, fica a nosso individual critério fazer de cada domingo não compartilhado o melhor domingo que poderemos oferecer a nós mesmos. Sozinhos.
Então fica assim combinado: a viagem prometida, cancelada. O passeio na cachoeira, fora de cogitação. As tardes de leitura na livraria, nem pensar. A promessa de compartilhar uma vida com todas as suas arestas, projeto cancelado! Tudo para nós, a partir de hoje, é o sonho de algo que poderia ter sido um dia, e não foi. Tudo para nós, a partir de hoje, passa a ser nada: nada do que você disser me fará mudar de idéia, nada do que a vida entregar me fará pensar diferente, nada do que eu sentir fará algum sentido... O nada se transformará na moeda corrente do nosso mundinho, aquele que um dia pensamos poder existir. E nada, nada mesmo, nos aproximará tanto quanto aquela vontade genuína de fazer de algo tão, à primeira vista, incerto, uma promessa e um objetivo de vida para duas pessoas que mal se conheceram, mas que souberam da importância uma para a outra.
Então fica assim combinado: é nada somente sexo, e nenhuma amizade.
2 comentários:
Bruna Paia: muito bom mesmo essa crônica meu!
are you sure are you talking about love?
define love... love was... love was ...
http://br.youtube.com/watch?v=32cil3p55z4&feature=related
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