Eu gosto da alegria, não nego. Me encontre na rua num domingo a tarde, debaixo de uma chuva torrencial, com os pés molhados e a barra da calça arrastando no chão, e ainda assim conseguirá levar pra casa pedaços coloridos do meu sorriso sincero e acolhedor (e isso não é uma auto-promoção). Digamos que levará também alguma piadinha de humor ácido, mas isso já faz parte do pacote. É claro que não sou um poço de simpatia 100% do tempo, mas procuro de forma generalizada ser agradável com quem cruza meu caminho, e isso inclui algumas pitadas de sorrisos quentes que distribuo com... alegria. Mas o fato de eu gostar da alegria e de lutar, de certa forma, pelos pedaços de felicidade que a vida costuma deixar espalhada nos caminhos que escolho percorrer, ainda assim eu me afeiçôo mais à melancolia. É como se ela fosse um pedaço de mim... não, não, antes disso, é como se ela fosse meu interior, minha força motriz, meu norte. É na melancolia que busco orientação para os meus dias de pensamentos chuvosos. É na melancolia que me refugio quando o medo do vazio, que é esse imenso nada e que tanto me encanta, me pega desprevenida. E quando estou mais sensível a tudo que está ao meu redor a ponto de perceber situações impercebíveis a “olho nu”, devo essa sensibilidade à melancolia. Assim como é a ela, também, que devo uma visão mais aguçada dos fatos e que me possibilita colocar em prática o ácido humor que tantas vezes já me salvou de surtos que entrariam para a história dos maiores surtos, se existisse uma escala Richter dos surtos.
Fato é que, para alguns, alguém ser melancólico remete ao lodo, ao limbo, das patologias da modernidade: a famosa depressão. Para essas pessoas os melancólicos não passam de depressivos prontos a apontarem uma arma para as suas próprias cabeças, a fim de dar cabo a todo tipo de sofrimento que, segundo essas pessoas, eles passam. Eu, pessoalmente, não consigo ligar a melancolia ao sofrimento propriamente dito. Acho sim que existe em cada melancólico uma tristeza, mas é uma tristeza tão diferente de sentir... Se todo sofrimento a que eu for submetida tiver o nome de tristeza, e se toda tristeza for essa que eu sinto por causa da melancolia, acabo de chegar à conclusão de que não me importarei de conviver comigo mesma pro resto de minha vida nesse meu estado de melancolia. E que não venham dizer que melancólicos são pessoas solitárias – já existe nome para isso: introspecção. Ter uma visão melancólica não é muito diferente do que ter uma visão alegre da vida: são apenas dois pontos de vista, antagônicos, mas que lá na frente acabarão se esbarrando. E isso não quer dizer que uma visão seja melhor que a outra, antes disso - branco e preto são cores diferentes, e nem por isso uma é melhor, ou mais bonita que a outra.
Melancólicos são pessoas dessas que encontramos a cada esquina. Melancólicos riem, melancólicos choram, melancólicos gargalham até... Melancólicos vão ao cinema, à feira, vão para as baladas dos “não-melancólicos”, tomam café da manhã entre amigos, dividem o quarto do hotel, entram no mar e se deliciam da sensação. Melancólicos andam de bicicleta, caminham, correm no parque, praticam esportes, usam a internet, pagam contas, saem para fazer compras... Melancólicos casam-se, tem filhos, alguns se separam, outros comemoram bodas de diamante. Melancólicos se enfeitam, se olham no espelho, riem das suas próprias piadas, tropeçam e levantam assim como todos os seres mais felizes da face da terra. Aliás, melancólicos sabem rir dos seus próprios problemas, mais até do que aqueles que estão acostumados a rir de tudo. E melancólicos sabem, acima de tudo, aproveitar a vida... E por isso mesmo entendem que tristeza, essa, nunca terá fim, ao passo que a felicidade...
Fato é que, para alguns, alguém ser melancólico remete ao lodo, ao limbo, das patologias da modernidade: a famosa depressão. Para essas pessoas os melancólicos não passam de depressivos prontos a apontarem uma arma para as suas próprias cabeças, a fim de dar cabo a todo tipo de sofrimento que, segundo essas pessoas, eles passam. Eu, pessoalmente, não consigo ligar a melancolia ao sofrimento propriamente dito. Acho sim que existe em cada melancólico uma tristeza, mas é uma tristeza tão diferente de sentir... Se todo sofrimento a que eu for submetida tiver o nome de tristeza, e se toda tristeza for essa que eu sinto por causa da melancolia, acabo de chegar à conclusão de que não me importarei de conviver comigo mesma pro resto de minha vida nesse meu estado de melancolia. E que não venham dizer que melancólicos são pessoas solitárias – já existe nome para isso: introspecção. Ter uma visão melancólica não é muito diferente do que ter uma visão alegre da vida: são apenas dois pontos de vista, antagônicos, mas que lá na frente acabarão se esbarrando. E isso não quer dizer que uma visão seja melhor que a outra, antes disso - branco e preto são cores diferentes, e nem por isso uma é melhor, ou mais bonita que a outra.
Melancólicos são pessoas dessas que encontramos a cada esquina. Melancólicos riem, melancólicos choram, melancólicos gargalham até... Melancólicos vão ao cinema, à feira, vão para as baladas dos “não-melancólicos”, tomam café da manhã entre amigos, dividem o quarto do hotel, entram no mar e se deliciam da sensação. Melancólicos andam de bicicleta, caminham, correm no parque, praticam esportes, usam a internet, pagam contas, saem para fazer compras... Melancólicos casam-se, tem filhos, alguns se separam, outros comemoram bodas de diamante. Melancólicos se enfeitam, se olham no espelho, riem das suas próprias piadas, tropeçam e levantam assim como todos os seres mais felizes da face da terra. Aliás, melancólicos sabem rir dos seus próprios problemas, mais até do que aqueles que estão acostumados a rir de tudo. E melancólicos sabem, acima de tudo, aproveitar a vida... E por isso mesmo entendem que tristeza, essa, nunca terá fim, ao passo que a felicidade...
2 comentários:
esse texto ficou muito bom.
não sei se é porque hoje eu tô afundada na melancolia...
curti
Divagações insólitas no msn por vezes tem efeito inspirador. Pois, pois...
O texto está tão redondinho, assim sendo, não me cabe grandes considerações. Exceto que a melancolia constitui uma parte da minha personalidade que é inverossímil e que me dá a dimensão exata da minha pequenez e do meu "gigantismo".
Beijo grande.
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