terça-feira, 29 de julho de 2008

... E DEPOIS RASGO


Escrevo, e no tempo rasgado apago tudo o que um dia ousaria dizer – a sinceridade seria meu algoz. Mas como ser contra a natureza e deixar-me corroer pelo tempo?

Escrevo, e no tempo passado ousaria apenas ter dito o que realmente importava – haveria, sobretudo, amor nas palavras. Mas como diria somente o essencial se a natureza ainda persistiria?

Escrevo, e no tempo do agora fica a esperança de que tudo não passará apenas de um engano – ainda que seja um engodo. Mas como esquecer se ainda não sei ter esperança?

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