Quisera eu ter a dádiva quase que divina da despretensão: em tudo ser verdadeiramente despretensiosa, e apresentar-me sempre com desapego em relação às circunstâncias mundanas. Seria mais ou menos como uma mulher comprar sapatos apenas por que lhe são úteis, nada mais. Ou então como um “garotão da meia idade” adquirir uma Porsche Carrera com o objetivo único de ter um carro para se locomover na congestionada e esburacada cidade... Andei observando a vaidade por esses dias passados. Debrucei-me sobre a janela e fiquei olhando pessoas desfilarem com seus egos bem à mostra: um verdadeiro espetáculo aos olhos dos desprovidos de malícia. Não condeno a vaidade, longe de mim condenar algo tão vital para o desenvolvimento das personalidades narcisistas. Também sou vaidosa - tenho que ser, aliás, caso contrário estaria negando minha própria condição: a de humana, com todos os predicados e adjetivos que podem me caber. Mas é que de uns tempos pra cá passei a fazer parte do rebanho que pensa entender a vida de uma maneira mais existencialista e que por isso se considera além do bem e do mal (ai ai...). Mas eu não estou para além do bem e do mal. Gostaria de, mas não estou - ainda não tenho capacidade para tanto. E não tenho pelo simples fato de que “bem” e “mal” são apenas resultados de um processo que faz parte de um método de vida dos seres racionais, onde o objetivo maior é chegar a uma Verdade (sempre Ela). E Essa sim está além do bem e do mal, não nós, reles mortais. Um brinde à “ignorância-funcional” coletiva.
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