Sou uma pessoa que por vezes precisa de distanciamentos. Entenda-se por distanciamento tudo o que estiver relacionado a afastar-se – seja de uma situação, seja de um ponto de vista, seja de uma pessoa concreta. Distancio-me até da realidade, admito. Sempre que posso pratico de forma voluntária esses distanciamentos, aos quais vulgarmente acusam de “egoísmo”, mas que me são salutares, vitais até, para o desenvolvimento da minha vida – que, por acaso, não diz respeito a ninguém. Encaram o fato dessa forma: num determinado momento eu simplesmente me fecho para o mundo e passo a ser uma pessoa egoísta por não querer dividir com mais ninguém, além dos meus escritos e meus lençóis brancos, meus momentos mais íntimos, minhas sensações, minhas opiniões e meus sentimentos. Não sei se se trata de egoísmo, porém não descarto a possibilidade – sou uma pessoa aberta a todas as possibilidades, mesmo que as mesmas me delatem.
Penso que distanciamentos são importantes para se ter uma visão macro de uma situação que, à primeira vista, está comprometida. Não se trata de tentar ser imparcial, até porque ser imparcial diante de uma situação ao qual se está envolvido beira a hipocrisia. Mas tomar par da situação e procurar enxergá-la com outros olhos – e não com os mesmos olhos míopes de quem está envolvido sentimentalmente até as tampas – faz parte de um processo que para mim, pelo menos até o momento, me parece ser o mais sensato e prudente a ser feito. Entendo que as pessoas que estão ao meu redor gostam da minha companhia. Entendo também que ao me distanciar desperto nessas pessoas que sempre estiveram ao meu lado um sentimento de desprezo, ou pior, de indiferença. Esclareço: não se trata disso. Trata-se sim de uma preferência pessoal, de um modus operandi, e que só cabe a mim mesma decidir se ele é o mais confortável ou não. Arco com todas as implicações que os afastamentos possam provocar, até porque tenho por princípio básico o respeito ao próximo, mas não me deixo influenciar por sentimentos que no clímax da situação tomam conta do meu ser: sou o tipo de pessoa que espera sempre baixar a poeira dos sentimentos para só então “tomar pé” do estrago ocorrido. É nesse momento que consigo enxergar a situação do alto e então me torno o que poucas pessoas conseguem se tornar: um ser racional e dotado de sensibilidade. É nesse momento que tenho a visão privilegiada que poucos espíritos livres têm, e de forma natural enxergo todas as situações, fatos, pontos de vista e, principalmente, questões pessoais que nos motivam a ter determinada atitude diante das circunstâncias da vida.
Já posso sentir o sentimento desaprovador de quem chegou até essa parte do texto, pensando que além de egoísta sou também arrogante. Não me importo com o que pensam. Não mesmo. E tanto não me importa o que pensam que quando bem entendo saio do casulo e retorno ao convívio social, com as pessoas que me são caras – que são pouquíssimas – e novamente me dou de presente para a vida: sim, porque eu sei, mais do que ninguém, o quanto sou especial para essa vidinha vadia que ás vezes me tira do sério.
2 comentários:
Só acho que tem gente que não sabe o valor que tem ficar sozinho de vez em quando.
Pra mim, é fundamental.
Beijão!
Gosto de observar a percepção do outro, a visão por ângulos diferentes dos meus...Gosto de sentir através de palavras e gestos, o mesmo despertar que me intriga e atrai em mim mesma....Olhar através de outros olhares e vez em quando me perder dentro deles...Sou uma voyer de almas e saberes...
Observando-a de um modo singular, percebo sua necessidade em estar só e acrescento que melhor do que isso é estar em própria companhia...Uma vez que "somos"(e não estamos)o verdadeiro processo de transição. Continuarei minhas observações, vezes dando pitacos, outras não.Sempre, sempre observando.
Beijo.
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