segunda-feira, 6 de outubro de 2008

EU NÃO SOU DA SUA RUA

Branco Mello e Arnaldo Antunes já traduziram, e muito bem, em forma de canção o sentimento do título. Até há pouco tempo atrás não conseguia entender porque é que alguém, um ser humano qualquer, era capaz de dizer pra outro: escuta aqui, palhaço, eu não sou da sua rua. Achava um pouco vago. E além do mais dava margem pro outro cara dizer: sim, você não é da minha rua, e daí? Bom, o tempo passou e hoje eu entendo perfeitamente o que é não ser da rua de alguém. Perfeitamente. E entendo também que o que motiva uma pessoa a dizer isso seja aquela mistura de orgulho, com sentimento de ter sido preterido, com pensamentos “porra, mas eu sou legal” e fechando com o clássico “rá! Não sabem o que estão perdendo...” – o que não deixa de ser orgulho, do mesmo jeito. Enfim. Fato é (como eu adoro essa expressão!) que eu não sou da sua rua. Não sou da rua de ninguém. Eu sou da minha rua, e se desde sempre não conseguia entender a motivação pra alguém falar uma besteira dessas, é porque desde sempre eu entendi que cada um é da sua própria rua, e que não existe uma porra de um ser humano que seja despretensioso e despojado. Não existe. Estão todos morando em ruas diversas, se comendo com os olhos e fingindo que passeiam em comunhão em lindos parques floridos em dias de ócio. São todos – TODOS – um bando de egoístas e egocêntricos em suas ardentes convicções, convenções e máscaras. E eu faço questão de me incluir nesse bando – humano demasiado humano. Mas luto todos os dias contra esse demasiado humano que reside em mim e quando posso faço questão de deixar claras minhas opiniões sem precisar esconder de quem quer que seja. Sou assim mesmo, um livro de sensações e sentimentos em aberto. Espontânea e pronta para as realidades da vida. Minha vida não é um jogo, longe disso. Falo, assumo, assino embaixo, mas se for preciso volto atrás e desconstruo cada linha mal traçada se por um acaso eu perceber que estava equivocada. Eu tenho culhões. E aí, vai encarar?

P.S.: Prensada, querida, obrigada pela alcunha. Fiquei realmente lisonjeada com o “garota-Nietzsche” que você me deu. Acho que pelo menos nós somos do mesmo bairo, né? (Já é alguma coisa... rsrs).

3 comentários:

Prensada disse...

quase vizinhas ;o)

Anônimo disse...

Eu quero morar nessa rua!

Pattiê, disse...

Pô, mas anônimo? rsrs