domingo, 2 de novembro de 2008

BATER ASAS


Tenho estado sentimental, mais do que o normal. Mas além de todo o sentimentalismo, começo a entender uma série de coisas - na falta de palavras mais adequada - que se passam aqui dentro, bem dentro, do meu ser. Hoje estava lendo um blog que adoro - cuja dona eu não conheço, mas me identifico e sei lá porque - quando de repente comecei a chorar ao ver a torre Eiffel toda iluminada de azul e com estrelas penduradas, formando um círculo, como no símbolo da UE (pra quem não sabe, a presidência em 2008 do Conselho da União Européia é da França e por isso a "decoração" da torre). Fiquei olhando a foto e pensando em como deve ser bom estar lá. Mas não estar lá como turista, como quem vai pra conhecer um país e ganhar mais um carimbo no passaporte. Nem como um turista acidental, que cai no país de páraquedas e pensa que a França se resume a torre Eiffel, Arco do Triunfo e rio Sena. Não. Não gostaria de estar lá dessa forma. Também não gostaria de estar como uma imigrante que vai para uma pátria que não é a sua a fim de trabalhar e "conseguir vencer na vida". Também não gostaria de estar lá a estudo, mas confesso que talvez essa seja uma das alternativas mais aprazíveis pra mim, caso não possa fazer o que vou dizer a seguir. No fundo gostaria de pisar naquele país, e em mais meia dúzia de outros países, na condição de cidadã do mundo. Uma pessoa que simplesmente coloca uma mochila nas costas e o pé no mundo, e sai andando por aí, mesmo não tendo eira nem beira, mas consciente de que a vida é só uma, de que o mundo é grande demais, que as fronteiras existem dentro dos nossos corações e que limites somos nós que impomos.

Quando penso que ainda tenho um mundo a descobrir mas que até o momento não fiz nada para começar a vislumbrar esse conhecimento, me entristeço. E fico triste não por não nunca ter tido oportunidade, até porque sempre fui da opinião de que oportunidades nós criamos, mas fico triste por pensar que meu tempo está passando e eu continuo aqui, olhando minha vida passar. É como se estivesse presa a alguma coisa, e não sei explicar o que é, e que essa coisa simplesmente não me deixa me tornar essa cidadã do mundo. Estou com uma puta vontade de criar asas, mas tenho pessoas aqui, e deixá-las seria dolorido, mesmo eu sabendo que se eu fizesse isso estaria me dando o melhor presente que jamais ousei me dar.

Enfim... ainda tenho muito a divagar sobre o que me prende aqui - medo? apego? - e muito a organizar caso eu realmente coloque o pé na estrada, um dia. A torre Eiffel mexeu comigo, como nunca havia mexido. A França mexe comigo. A necessidade de novos ares me balançou. A ansiedade de conhecer um mundo inteiro me deixou mais angustiada do que já sou. A questão da mudança, e das pessoas que ficariam, me deixou mais pensativa. Mas esse choro engasgado me deu forças. Ainda não sei para o quê, mas deu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Conforme eu tinha te falado... eu pensei imediatamente nisso (http://anarcoblog.wordpress.com/2007/03/16/so-e-revolucao-se-eu-puder-dancar/) quando vc falou... mas ainda não é exatamente esse o ponto.

ACHO, e nisso eu me dou o direito de afirmar um lugar comum possivelmente impreciso, que a questão de ser cidadão do mundo não é consumir coisas do mundo todo... mas sim OFERECER coisas pro mundo todo. Sabe? Ser capaz de se CONECTAR com o mundo (talvez uma comunhão em torno do amor incondicional, aproveitando um simbolismo religioso).

ACHO que esse sentimento que fica lé no cantinho seja um desejo de respeitar o mundo, incondicionalmente, mas não depende de um mochilão pela Europa, mas sim de abrir sua mente para perspectivas diferentes de vida. Se me permite a metáfora tosca, é ser capaz de ir pro Piauí e entender que alguém que mora no sertão pode sim ser tão feliz quanto você. É um mundo bem grande, com todo tipo de felicidade que você pode imaginar.

Anônimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=FiVvA9YQpiI

london