Falei muito, escrevi muito, percebi muito, analisei muito, briguei muito, gritei muito, xinguei muito, ri muito, opinei muito, li muito, me zanguei muito, desejei muito, conquistei muito, dancei muito, bebi muito, fumei muito, gesticulei muito, me magoei muito, corri muito, procurei muito, achei muito, remediei muito, cantei muito, amei pouco.
Demorei a perceber, mas tá valendo: o silêncio que mora em mim clama por atenção. Estou com uma vontade louca e irremediável de nada dizer, “ficar apenas calada” (frase emprestada de outra pessoa que é tudo muito). O silêncio que mora em mim pede apenas que os gestos sejam mais comedidos, e que (quase) tudo possa ser “dito” através de olhares. Que sensações possam ser passadas através de figuras, ou fotos, ou desenhos. O silêncio que mora em mim está pedindo uma pausa na gritaria. Está pedindo para ocupar o lugar da agitação, e da euforia, e do desgosto, e da mesmice, e da loucura de todos os dias. Está pedindo humildemente para que possa ter voz, ainda que silêncio, e que possa reverberar nos cantos mais inacessíveis da minha alma. O silêncio que mora em mim está pedindo uma vez, uma que seja, a chance de se manifestar. Se até no tudo existe o nada, porque é que no som não pode haver o silêncio?
Pode parecer paradoxal, mas o “desespero do exagero” da Elisa é o par perfeito para isso que chamei de “esperança do silêncio”. Porque o antônimo de desespero deve ser esperança. Ou não.
Mas “seguindo o ritmo: não quero um amor ameno”. Mas silencioso.
2 comentários:
Sabe, palavras podem estragar muita coisa. Aprendi isso ontem.
As vezes, a melhor forma de se comunicar é o silêncio, mesmo!
Silêncio, tenho necessidade dele quase o tempo todo. Busco-o sempre que possível, como uma pausa na partitura musical.
Beijo,
Carpe Diem!!!
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