quarta-feira, 8 de abril de 2009

SONHO É PRA QUEM SE DÁ

Procurou em rostos desconhecidos algum que se afeiçoasse um pouco que fosse àqueles traços que outrora foram motivo de contentamento e alegria. Às vezes tinha medo de onde essa procura levaria, às vezes se entusiasmava e procurava cada vez mais. E por isso mesmo não sabia ao certo o momento de parar. Sabia, na verdade... mas de que adiantava? A cada dia se perdia mais e mais no sonho (passageiro) que foi a construção da felicidade eterna – construção que não passou da base. Bem sabia que edifícios realmente seguros eram aqueles cujas bases fossem também sólidas, firmes, (bem) pregadas ao chão. Mas esse infelizmente não era o caso de seu edifício. De mais um de seus tantos edifícios. E como poderia um edifício inteiro se sustentar na areia? Ainda mais se tratando da felicidade eterna! tsc tsc... Besteira. Seus sonhos, independente de quantos e quais, não levariam a lugar algum que não fosse para o ponto em que se encontrava naquele exato momento: o da insatisfação. É, porque bastaria alguma felicidade mínima e passageira, um puxadinho bem construído – por assim dizer – para que uma pontinha de sentido começasse a aparecer. Mas não, a vida tinha que ser injusta, e deus! por vezes real até demais. Os sonhos? Foram todos desfeitos. Os edifícios? Todos inacabados. Ou abandonados, como cabanas de verão que perdem a graça, e o sentido de existir, depois que as águas de março dão as caras. Insatisfação. Era isso que sentia. Aquele vazio profundo, dolorido. Aquela falta de esperança desgraçada que nos torna cada dia mais céticos – e caretas. Se concentrou nisso: na falta de esperança. Na porra da falta de esperança. Sim, porque já que a insatisfação lhe causava dores no estômago, o jeito era se preocupar com a causa de tudo. E desde quando é preciso ter esperança de alguma coisa pra vida continuar a andar? – indagou com ares de entendimento do assunto. Tenha paciência pois o tempo, esse senhor absoluto de todas as razões, invariavelmente se encarregará de lhe mostrar – foi só o que conseguiu ouvir da voz (irritante) que vinha lá de dentro. Tempo tempo... Besteira. E senhor de alguma coisa? Humpf! O mais irônico era saber que pra tudo o tempo tinha uma resposta. Irônico ou amedrontador? Os dois, talvez. Irônico, porque quanto mais se tornava insuportável a espera da resolução entre frustração e felicidade eterna, mais o tempo custava a dar as respostas. E quanto mais se desejava que uma felicidade mínima não fosse passageira, mais o tempo se encarregava de fazer tudo parecer durar apenas dois minutos – mas com direito a sonhos de construção de felicidade eterna e o escambau... E amedrontador porque... bem, porque sempre existia aquela pergunta fatídica: e se essa alegria e todo esse contentamento não forem pra sempre? Ah, mas todo mundo sabe que nada é para sempre. E quem não sabe, deveria saber – afirmava dessa vez com ares de expert no assunto. Mas a vida... aaah, a vida... Criatura mais injusta tava pra nascer. E por mais que uma pessoa soubesse o quanto nada é para sempre, e quanto mais essa pessoa procurasse construir seus edifícios em bases sólidas, mais a vida se encarregava de atestar e certificar que tudo é passageiro – e olha que esse certificado vinha atestado com firma reconhecida em cartório e assinado por ela mesma: Vida. E de brinde ainda fazia questão de deixar claro pra quem quisesse entender (ou compreender): sonho, meus caros, é pra quem se dá, e não pra quem espera receber.

2 comentários:

Hélida disse...

Um conhecido meu adoooooraaaaaa
fazer o seguinte comentário: "têm dias que é noite1"
De tanto ouvir acabei por concordar!
Olha só....
Take a sad song and make it better
Remenber to let her under your skin

Anônimo disse...

"When I feel blue
When i don't know who i don't even know anymore, i simply lay down my head and dream!"