segunda-feira, 27 de julho de 2009

AOS 27


Não pulei de paraquedas;
Não penso mais em me matar (morar em Paris já está de bom tamanho);
Não gerei um filho;
Não fiz um mochilão;
Não li a obra completa de Machado de Assis (e nem vou);
Não plantei uma árvore;
Não escalei o Everest;
Não terminei a faculdade;
Não escrevi um livro;
Não me tornei fumante;
Não me tornei alcoolatra;
Não ganhei meu primeiro milhão;
Não colecionei arte;
Não deixei de duvidar;
Não deixei de acreditar;
Não me meti em encrenca;
Não me casei (uia!);
Não tenho uma religião;
Não usei droga (sintética).

Engraçado como o tempo passa e a gente percebe uma série de coisas que anos antes nem seriam notadas. E o mais engraçado é observar padrões de comportamento de uma sociedade viciada em padrões, de uma sociedade doente e dependente. Como se tudo o que fizesse sentido na vida precisasse ser vivido ontem, hoje e amanhã em ordem, e na mesma época que a maioria considera como sendo o melhor para a vida. (Putz, além de velha me tornei prolixa!)

Agora sou uma pré-balzaquiana que não fez porra nenhuma na vida, a não ser contou os dias e as horas pelo ponteiro do viver despretensioso. E viveu. Chegou até aqui carregando suas malas, sem carregador pra ajudar, sem Chardonay pra brindar... Hoje observo algumas pessoas mais novas que eu, as inteligentes - que fique bem claro - e percebo o quanto somos parecidos no quesito "eu acho que sei alguma coisa da vida e tô puta com a existência". Prolixa de novo... Foda-se. Hoje o intuito é dizer apenas que eu percebi que a gente "cresce". E uma hora cansa de uma série de coisas, e aí vai fazer coisas mais prazerosas. Começa a perceber que o tempo não passa, mas voa. Começa a perceber que a vida é uma só, e que ficar perdendo tempo achando que ela é uma merda acaba sendo uma merda maior ainda. Tá certo que algumas pessoas simplesmente não percebem que a vida passa, e aí insistem em passar a vida no "ao seu fã clube fiel dá autógrafo em talão de cheque". Tem gente que envelhece mas não perde o "glamour". Tsc tsc.... E aí continua acreditando que a carinha bonita vai durar pra sempre, que o carro do ano vai ser sempre do ano, que os amigos interesseiros nunca vão se interessar por outras coisas que elas não terão pra oferecer, um dia.

Se antes eu maldizia o infeliz que havia me jogado aqui, hoje agradeço de olhos fechados e mergulho fundo. Tampo a respiração, colho tesouros lá no fundo da piscina - nem me arrisco mais a pensar que meus tesouros se encontram naquela marzão de deus - e me contento com o que a vida me entrega. Não que eu não me esforce, pelo contrário, mas deixei de remar contra a maré. É muito desgaste, e esse desgaste eu deixo para os mais novos. Por enquanto me contento com os poucos e bons amigos, com alguma filosofia que faça sentido pra mim, com um abraço para quando eu tiver perdido as esperanças e com uma boa dose de coragem pra encarar o futuro que me aguarda.

Prolixa? Adoooro.

2 comentários:

Prensada disse...

27 é uma idade de ouro,vira 9.
Aproveite demais,aproveite muito,muito, mas muito mesmo os teus 27.
Bingo !

Unknown disse...

Guria, os 27 são ótimos!!!
Aproveite bem, que os 28 dão mais medo dos 30, hahaha!!!!

Beijão e felicidades!!!