sexta-feira, 17 de julho de 2009

A ARTE DE PERDER

Quando me apresentaram Elizabeth Bishop, julgava não ter maturidade para entendê-la. E maturidade não por conta da idade, antes disso: o problema eram as experiências vividas. Hoje, quando a leio, percebo que independente do que vivi, ela sempre será uma leitura prazerosa, porém algumas vezes confusa. No caso desse poema, ficou apenas o prazer - de confuso ele nada tem. Apreciem:

"A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério: Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes. A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente. Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda
nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que
pareça (Escreva!) muito sério."

Um comentário:

Biba disse...

Olá, quanto tempo! Gostei do poema, é diferente. Coisas diferentes me apetecem.

Beijos,
Carpe Diem!!