quarta-feira, 28 de abril de 2010

SOBRE MÁSCARAS... E DECEPÇÃO

Pessoas cumprem em nossa vida o papel que queremos que elas cumpram - simples assim. Conversando com uma amiga, chegamos a uma conclusão um tanto quanto dolorida: nos apaixonamos pelo potencial que aquela pessoa representa, e não propriamente pelas suas características. Ou seja, criamos expectativas e em cima delas construímos nosso castelinho de areia. Minha terapeuta me disse algo parecido: nós geralmente colocamos a pessoa naquele determinado papel e assim insistimos para que ela o desempenhe, independente do que ela tem pra oferecer.

Isso acontece comigo, com minha amiga, com você que me lê e com o Zé da esquina (adoro o Zé da esquina, ele sempre aparece nos meus escritos... rsrs). Fato é que mesmo sabendo que é humanamente impossível esperar do outro aquilo que ele não tem pra entregar, a gente cria expectativa. E espera atitudes. E espera posicionamento. E espera sinceridade. E espera, acima de tudo, transparência. Trans-pa-rên-cia.

Mudando um pouco de assunto, mas permeando o mesmo tema, quero falar um pouco sobre inocência. Eu sou uma pessoa inocente. Sou e faço questão de continuar sendo. Sempre me posicionei da seguinte maneira: acredito em você até que você mesmo me prove o contrário. O que isso quer dizer? Quer dizer que, essencialmente, confio no outro. Confio e dou crédito. Confio e isso não me priva de, às vezes, "levar gato por lebre" (Clarice escreveu sobre isso, leia aqui).

Porém, o fato de ser inocente não quer dizer que sou burra. NOT. Uma coisa nada tem a ver com a outra, acredite. Aliás, de burra não tenho nada. Na-da. Tenho antenas poderosas, que me ajudam a sentir os ambientes, as pessoas, as intenções e, pasme, até as mentiras. Eu sei quando mentem para mim. E por que ainda continuo dando crédito para o mentiroso? Porque simplesmente meu amor pelo outro é tão grande que eu consigo enxergar o que há de humano em cada um... eu também sou humana e carrego comigo todas as características, sem tirar nem por. E ademais, quando percebo que estou sendo "enganada", simplesmente viro o rosto para a cagada que estão fazendo - isso evita algumas ânsias de vômito, acredite. Enfim... não vou julgar o motivo do outro em mentir, inventar fantasias, criar milhares de situações para continuar levando sua vidinha medíocre e fake. Não mesmo.

Bom, e onde quero chegar com tudo isso? Pra falar a verdade, em lugar algum. Já estou em uma posição um tanto quanto desconfortável (hoje). Prefiro ficar quieta no meu canto e digerir tudo com muita calma, sem pressa. A decepção fica por conta de saber que pessoas são capazes de inventar histórias mirabolantes, e que as colocam em posições nem sempre favoráveis, em busca de um olhar carinhoso, de um olhar atencioso. De um olhar, basicamente. Elas querem ser olhadas. Elas querem ser enxergadas. O problema é quando querem esse olhar de forma tão egoísta que movem o mundo, mentem descaradamente, articulam fantasias e agem de acordo com o script de suas cabeças. E tudo porque o egoísmo e a inércia, o comodismo de mudar situações e o medo de arriscar as fazem agir dessa forma.

Aqui vale um relato, anotem: esse é o gosto da decepção - o gosto amargo de saber que nem mesmo um amor puro e delicado é capaz de prever e amenizar esse tipo de situação. Mas também, por outro lado, analisando o histórico, o passado bem recente, de alguma maneira eu já deveria estar esperando que isso acontecesse. Quando uma pessoa age de determinada maneira com alguém que ela diz "amar" e você assiste a tudo ao vivo e a cores, pode esperar porque ela vai fazer contigo também. Principalmente se essa pessoa tem o costume de não resolver nada em sua vida. Principalmente se essa pessoa for mal resolvida com suas características e questões. Principalmente se essa pessoa mente para justificar uma outra mentira. Principalmente se essa pessoa tem medo da conseqüência de suas escolhas. No fundo não devemos nos decepcionar e sim ter pena.

Contudo, se a decepção for inevitável, não se preocupe: decepção não mata... pelo contrário, ensina a viver.

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