Talvez que o anjo esquecido,
O anjo da poesia,
Se tenha de mim perdido
Sem reparar que o fazia...
Por isso me faltam asas
E me sobejam as penas
De um desejo inalcançado:
Que eu gostava de voar
Até ao anjo perdido
O anjo de mim esquecido,
Que por mim é tão lembrado.
Ai se eu tivesse voado
Aonde queria voar
Não estava agora a rimar
Versos de asas cortadas.
Voava junto de si
Assim fico aonde me vê
Mesmo pregadinha ao chão
Com asas de papelão
E sem entender porquê.
Pois a uns faltam-lhe asas
Mas por ter asas cortadas
Sofrem uns e outros não?
Eu tenho sofrido muito
Nos meus voos ensaiados
Que ao querer sair do chão
Ficam-me os pés agarrados,
...E por falar dos pés
Com versos de pés quebrados
Perdoe lá a quem os fez
Pelo mal dos meus pecados
Só os fiz por timidez
Que tenho em me dirigir
A quem tem por lucidez
Razão para distinguir
O bom e o mau Português.
Assim à minha maneira
Aqui venho responder
Desta forma tão ligeira
Que a sério não pode ser!
de Amália Rodrigues, Carta a Vitorino Nemésio
in Versos, Ed. Cotovia
2 comentários:
rs...
Olá, minha linda!
Amiga, hum... confesso: estou com saudade.
Das conversas, dos risos, de nossas descobertas, de como nos levamos a sério, mas nem tanto... rs... pois que sabemos quase que intuitivamente: se desejamos prosseguir, que sigamos nos amando e amando à vida e amando, sobretudo, este nosso jeito meio sem jeito, de se ajeitar e de dar um jeito na vida! rs
Bem... rs...
Sabe o que acabo de aprender?
rs...
Que aja pista de pouso pra estes nossos voos, ensaiados voos, improvisados e inspirados voos...
E que seja um pouso alegre, de preferência... rs
Sim... rs... de preferência alegre!
Um abraçasso!
lila
haja*... rs...
mas aja*... rs
eita ato falho!
digo, ato franco!
bjks
lila*
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