Foi um dos dejà-vu mais longos que já tive. Olhei para os lados e senti que aquela cena me era familiar. Fui olhando cada um que se encontrava ao meu redor e tentando perceber o que realmente estava acontecendo. Fiquei parada no ar por um instante, suspensa. Suspense... o que viria após a sensação familiar? Viria tudo. Vinha tudo. Cada movimento parecia ter sido milimetricamente calculado. Todos em perfeita sintonia com o meu pensamento. Comecei a desconfiar que a realidade estivesse sob meu comando. Não, agora tinha certeza: a realidade era o meu comando. Brinquei algum tempo de “senhora da realidade”. Todos os gestos eram meus. Pertenciam-me, exatamente porque já havia vivenciado aquela cena. Mas algo me intrigou: se a realidade era o meu comando, por que não conseguia sequer movimentar os braços e dispor as peças do meu cenário conforme a minha vontade? Elas eram minhas, mas só obedeciam ao meu pensamento. Passei então do olhar para o ouvir. Ouvia tudo: pessoas ao telefone, conversando entre si, conversando sozinhas... As falas eram minhas. E todos os sons do cenário também eram meus. Fiquei orquestrando e dirigindo aquela cena durante algum tempo.
De repente tudo parou. Ri. Olhei mais uma vez para as pessoas. Todas vivendo suas vidas, normalmente. E eu lá, parada, vivendo uma vida que já nem era mais minha.
De repente tudo parou. Ri. Olhei mais uma vez para as pessoas. Todas vivendo suas vidas, normalmente. E eu lá, parada, vivendo uma vida que já nem era mais minha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário