Chuva em Dezembro. E frio. Eu gosto. O que não gosto é desse mês. Mais pelo fato das festas do que pelo calor que ele traz consigo. Gosto das cores de dezembro, e se o calor fosse ameno, e as festas não existissem, seria interessante. Mas não, dezembro é sinal de calor, muito calor - principalmente nas duas últimas semanas - e festas. Festas chatas. Muita comida, muita bebida, muita música idiota e estúpida e abraços, MUITOS abraços. Não que eu não goste de abraços - antes disso. Mas é que... sei lá. Vejo pessoas se desejando um bom ano "novo" e celebrando (???) o ano que passou. Mas passou? Tudo passa!... incrível como essa é uma das verdades mais puras. Mas então... abraços, muitos abraços. E sorrisos. E sentimento de fraternidade. Todos merecem um pedaço de panetone, mas somente nessa época. Eu não sou ranzinza. Não mesmo. Talvez um pouco chata, mas faz parte do meu eu. Ranzinza não. E não gosto de festas natalinas e reveillons. Sabe o que me incomoda, na verdade? É a hipocrisia. Não, não é a hipocrisia para com os outros. Aff, essa existe o ano todo. Não não. O que me incomoda é a auto-hipocrisia. Fazemos promessas para os outros, e também nos prometemos coisas e desejamos muito, e demais. E nos esquecemos de um monte de promessas passadas. Nos esquecemos de agradecer o que acontece todos os dias no milagre da existência. Nos esquecemos de praticar a vida. Sim, porque tudo não passa de planejamento, e planejamento e planejamento. É claro que coisas acontecem, mas elas acontecem simplesmente porque tem que acontecer, e não porque milagrosamente colocamo-as no papel durante uma virada idiota de ano. Pular ondas. Jogar flores pra Iemanjá. Soltar fogos. Estourar champagne. Guardar os carocinhos de romã, ou de uva, para dar sorte no ano que "entra". Fazer todo o tipo de simpatias. Eu já fiz isso, muitas vezes. Hoje o máximo que faço é olhar para o céu e contemplar os fogos. Eles são bonitos, não há como negar. E só. Não vejo graça. Gosto das pessoas reunidas. Da família praticando o ato familiar. Mas sinceramente acho que isso poderia acontecer o ano todo. E nem precisaria de tanta comida, e tanto dinheiro gasto à toa. Bastaria apenas algumas garrafas de vinho, uma comida quentinha e saborosa, boas risadas, corações batendo em uníssono, olhares sinceros e quereres afins. O resto seria a mágica do encontro e a felicidade do momento. Sem músicas bregas. Sem roupas glamourosas. Sem taças chiques. Sem consumismo. Sem hipocrisia.
4 comentários:
ai, ai, ai, putz, concordo com vc mas não sem sentir uma pontada aguda de dor bem no meio da segunda. queria mto que todos nós fôssemos menos hipócritas e mais verdadeiros, mas olha, somos humanos, e é por isso que olhos pros meus próprios erros e penso, "é, eu não passo de um amontoado de células e um sopro miúdo de vida" mas queria mto ter uma porção divina mais definida e corajosa pra verdadeiramente dizer e fazer o que sinto. mas, isso é uma coisa que não vou me prometer pro ano que vem não, ehehe.
um bjuuu enormeee.
assim você me obriga a escrever de novo sobre o lado A de tudo isso...caralho, um ano passou! eu entendo o seu sentimento, mas otro dia tava pensando naquela minha lista, e de quantas coisas dela realmente aconteceram...acho que tudo isso que te cansa faz parte do pouco que sobrou em nós do ritual...o ritual esvaziado de sua essência...mesmo assim eu teimo em achar bonito.
http://cacosmeusbotoes.blogspot.com/2007/06/lou-salomnietzschere.html
Ousa tudo. Não tenha necessidade de nada - Lou
A vida te dará poucos presentes. Se queres uma vida, é preciso que a roubes - Lou
Sempre serei fiel às lembranças. Nunca o serei aos homens - Lou
De que estrela caímos nós para nos encontrarmos aqui? (Nietzsche, quando conheceu Lou)
Lou, como todas as moças feias, havia cultivado o espírito par se tornar atraente (Nietzcsche mentindo para Elizabeth, sua irmã e histérica e patologicamente ciumenta. Consta que Lou era fisicamente muito atraente).
Lou propôs morarem os três (ela e mais Nietzsche e Rée) numa casa, co-habitando mas sem relação sexual com nenhum dos dois que eram apaixonados por ela. Chegaram a morar juntos e a "divisa" dos três era: "Perder o hábito da meia medida para viver resolutamente na totalidade, na plenitude e na beleza".
Sobre a perda de deus: o que significa perda se mostra sinônimo de volta a si próprio. (Lou)
Lou encantou a muitos na Europa, tendo sido correspondente de Freud, namorada de Rilke e musa de Nietzsche que, de tão tímido, pediu a Rée que a pedisse em casamento para ele, mesmo sabendo que Rée era também apaixonado por ela.
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http://encomiummoriae.blogspot.com/2008/08/waqege.html
“agora que me descobriste, cabe-te a parte mais difícil; esquecer-me, distanciares-te de mim.”.
Então, concordo contigo. Mas acho que o sentimento de fraternidade também se dá ao fato que em dezembro, com o 13º, não fica tão apertado ajudar os outros. Claro, para doar não é preciso dinheiro, necessariamente, mas pensa no que significa o Natal para as crianças e o que seria passar ele sem um presente. Nessa época temos mais condições de ajudar dessa forma.
Mas também já enchi o saco de todo o consumismo que isso representa. Guria, sério, me revoltei! No próximo ano, ninguém me força a participar dessa porra de amigo secreto que me arrancou uma grana federal (porque não foi um só, foram uns 4 e todos com indiretinhas para o caso de não querer participar). Eu queria guardar uns pilas e nem consegui...
Tirando isso, acho legal também, reunir a família, mas isso envolve muito stresse, por isso acontece pouco. Quando é a família básica (pais e irmãos), tudo bem, mas tenta botar tios, avós, primos... vira uma babilônia. E nesse ponto eu prefiro que continue só no fim do ano mesmo.
Sem falar das empresas dando férias coletivas que a gente nem consegue aproveitar por causa dessa correria toda. Voltar a trabalhar mais stressado do que a gente saiu.
Tá, chega de reclamar!
Tenha um ótimo Natal, na medida do possível, e um ano novo tão bom quanto foi esse.
Beijos
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