domingo, 7 de dezembro de 2008

TIRANDO A POEIRA COM MINHA PRESENÇA

A casa perfeitamente arrumada e organizada. Silêncio. São Paulo está incrivelmente quieta, hoje. E me sinto bem com esse silêncio. Não tenho mais crenças. Fé virou adorno de criado-mudo, que por ser mudo guarda o segredo do meu ceticismo. Às vezes é difícil conviver comigo, mas sou tudo e o que sempre me resta. Não costumo me importar com o juízo que fazem de mim. Quer dizer, não costumo me importar com pessoas que não fazem parte do meu mundo, quanto mais com o julgamento delas... Tenho um mundo paralelo e particularmente aberto apenas aos que de alguma forma tocam o meu coração e me deixam orgulhosa e honrada por poder compartilhar de suas vidas. Não acredito no eterno, apesar de ainda sonhar com os finais felizes. Mas sou adepta mesmo é do efêmero. Deixo poeira acumular nos cantos, durante muito tempo, só pelo prazer de vê-las rolando de um lado para o outro, ao sabor do vento. Depois, quando me canso de observá-las, lhes dou o presente divino do esquecimeto - as jogo no lixo. Faço isso com as paixões. Eu me apaixono sempre, e todos os dias. E por todas as pessoas, e animais, e situações, e momentos. Mas eu me canso, rápido e facilmente. E num dia, quando me canso, simplesmente me viro pro lado e durmo, tranquilamente. Paixões são verões. É o efêmero que mora no mundo que o faz mudar, mudar e mudar. A insatisfação também faz o mundo mudar, mas ela traz consigo o gosto amargo daquilo que, por algum motivo, não alcançamos. Pessoas são insatisfeitas por natureza. Já a efemeridade é para poucos. Assim como a eternidade.

Esse lugar estava juntando muita poeira.

4 comentários:

Anônimo disse...

efemero eterno...
relativo...

adri antunes disse...

salve, salve a agonia! estava com saudades de ler seus escritos! ehehe, como tá o tempo por ae? aqui um sol linduuu.
um bjuu grande e boa semana

Maria Cláudia S. Lopes disse...

bonito e só

V.D.S. disse...

Confesso que deixei o blog aberto só pra ouvir as músicas. Adorei o texto.