segunda-feira, 5 de abril de 2010

NÓS, OS FRACOS

Ouvi por aí que conhecemos um verdadeiro amigo não na dor, não na desgraça nossa de cada dia, mas na felicidade. Penso comigo: abençoado o amigo que suporta os teus ganhos e alivia as tuas perdas. Sensibilidade para acolher a angústia de alguém próximo é também tarefa das mais difíceis - nunca sabemos onde realmente o calo do outro aperta. E aí o que podemos fazer é doar atenção, carinho e compreensão e desejar que o tempo cure todas as feridas. Carinho, atenção e compreensão são apenas sedativos. "Apenas".

Agora, nesse exato momento, uma angústia monstra me toma o peito. Falta de ar, choro entalado, dor no peito, nó na garganta e a sensação que o estômago está na boca são alguns dos sintomas de angústia. Eles podem vir todos juntos, ou separadamente. No meu caso, agora, estão todos juntos. Meu olhos, enquanto escrevo, desabrocham em lágrimas contidas. Seguro o choro. Eu tenho o banheiro pra chorar, mas o daqui não é igual ao da minha casa. Então aguardo, pacientemente, a hora em que finalmente estarei na proteção do meu lar, e lá, no meu banheiro de azulejos brancos, o choro sentido vai correr e lavar a alma. Descobri que tantos os fortes como os fracos correm para o banheiro.

Não é exagero. Estou realmente me sentindo assim. Eu sei que vai passar. Passa, tudo passa. O tempo cura tudo. Mas o problema é esperar o tempo sem os tais sedativos. E eu não tenho caixinha de primeiros socorros em casa.


4 comentários:

Preta disse...

][

é assim que faz o desenho de abraço? nunca me dei bem em educação artística.

Prensada disse...

Que tempos difícieis hein, moça ?
Chorar faz muito bem - debaixo de água quente do chuveiro.
Fiquei bem tocada com a tua dor.

eu. disse...

Olá...
Boa noite, Bruna
Um verdadeiro amigo pode ser mais do que um simples sedativo. Ouvir com considerada reverência os sentimentos, recolher as lágrimas, bebê-las junto, tranformá-las. Podemos passar a sentir de forma nova. Podemos dar novo sentido a nossa dor, ou a expressão dessa dor.
Um bom psicanalista lhe daria suporte pra q vc não só se expressasse/sentisse de forma mais tranquila, mas aprendesse a lidar melhor com essa sua (linda) sensibilidade. Saiba, mesmo que vc mude, há q se ter cuidado e alguma proteção pra viver neste mundo q não mudou. Trata-se de uma sociedade perversa, com tendencias a regredir para psicose. Na perversão usa-e e abusa-se do outro, na psicose anula-se o outro. Na neurose graça a fantasia, é um pouco menos terrificante, mas, fantasia não fortalece verdadeiramente pra lidar com a realidade e com essa nossa sociedade, por tendência e 'de_formação', excludente.
Mas não se engane, bons psicanalistas são raríssimos! A maioria acaba sendo uma espécie de "modelo", o q faz abortar a verdadeira psicanálise. Lhe adaptar a uma realidade que diz mais respeito ao analista do que a vc mesma e ao seu desejo, é já trair a vc e acabar sendo devorada, de certa forma, pela mesma sociedade abusadora! Mas... desejo que vc encontre um bom analista e um bom amigo. Ou q consiga de alguma forma, desenvolver esse dom em si mesma! Um bom analista facilita para que encontremos boas pessoas e as reconheçamos, mas sem a ilusão da perfeição. (Sem ilusão nenhuma! Rs... Tá... Quase nenhuma.) Perfeição tb é algo perverso! Um bom analista faz vc lidar melhor com estas imperfeições, sem resvalar pra o desleixo ou cinismo. Lidar com imperfeições não quer dizer banalizá-las ou perdoá-las. Apenas se defender delas., das nossas e das demais. Um bom amigo faz com que, com o tempo, introjetemos uma relação mais forte e saudável com nós mesmas. Nos ajudar a lidar com a impossibilidade do real é o maior trabalho de um psicanalista. E... ser feliz além e apesar disso! É este o nosso maior desafio, meu bem...
Ps* Cuidado com quem ou o quê lhe deixa sempre com essa sensação de soco no estômago! Sinto isto diante de pessoas com fortes tendências a morbidêz, a criação de culpas mórbidas e dívidas insanáveis! Sinto este aviso diante de pessoas ou situações cuja pulsão de morte é maior do que eros, maior do que a pulsão de vida! Parece uma indução ao nosso suicídio, a nossa anulação. E para isso, servem-se de todos os artifícios. Chantagens emocionais, enredos pérfidos, indução ao erro... Mudança de foco da conversa para induzir a algum vexame ou estigma. Bem... são inúmeras as técnicas de quem deseja uma relação de posse/anulação e domínios sádicos. Se vc se vincular emocionalmente vai acabar fazendo o par masoquista! Ou o par narcísico. Na psicose, delira-se sozinho, e, se vc está incluída é para, mais uma vez, receber a culpa mórbida ou o ônus da psicose, que gira em torno da esquizofrenia (sem noção de si mesma!) ou da paranóia (vc é o perseguidor q causa o mal), onde vc e o outro estarão embolados, sem nunca formarem um par, sem nunca fazerem um vínculo.
No mais, sigo sem ilusão e me defendendo como posso. É nosso direito essa defesa e proteção. Quando dizem o contrário, talvez desejem a abertura total de suas defesas e um acesso/gozo sem limites a vc! O traço perverso, psicopata deseja um gozo sem limites e, é claro, induzirá vc a este lugar. Gozar de vc sem limites, pode significar grandes e desnecessárias perdas. Há perdas e PERDAS! Cuide-se e previna-se. Mas não se apavore. Há saídas honrosas e sábias.
Procure não se esquecer: "Eles não sabem o que fazem"... Mas fazem! Atuam! É uma conformação inconsciente ou nem tanto. Tanto faz, já q o prejuízo é o mesmo! Perdoar não é o caso, pois não há porquê alimentar ódios, e sim compreender a natureza destes afetos e evitar se enredar neles!
Qualquer coisa... sabe como me encontrar.
"Abraço".
eu.

Juliana Menz disse...

Nunca chorei no trabalho. Só no banheiro do trabalho. E muito.
Os amigos são ótimos, mas desconfie daqueles que querem te ver bem logo. Um bom amigo sabe que é preciso chorar, sofrer, ficar realmente mal para que dor finde. E em alguns casos demora muito. E nesses, eu te confesso, nada tenho contra os sedativos.