OLHO POR OLHO, PASSAPORTE POR LEBRE...

Não queria, ao menos nesse espaço, “tecer” comentários que nos remetam a qualquer coisa de política. Estou cansada, pra falar a verdade, de discutir sobre um assunto que hoje, para mim, se aparenta mais como perda de tempo do que qualquer outra coisa. Mas os fatos que vem ocorrendo a respeito dos brasileiros barrados na Espanha, e dos espanhóis barrados no Brasil simplesmente me “cutucaram” a dar minha parca opinião.

Não sei, de fato, quais os motivos que levaram a Espanha a impedir que brasileiros entrassem em seu território. Não julgo, nem aponto o dedo. É um direito deles, e ponto. Mas o que incomoda mesmo, e motivo pelo qual decidi escrever algumas linhas sobre o assunto, é o fato de que nessa ansiedade por “defender” seu território, as autoridades espanholas estão se esquecendo que pessoas que viajam, entram em aviões, se dispõem a morar em outros países, que viajam a lazer, são, acima de tudo, seres humanos. Tratam a coisa de uma forma tão vil, que dão margem à violência, mesmo que velada, e com isso abrem a brecha para que outros países sigam o exemplo. Em retaliação o Brasil está fazendo o mesmo com espanhóis aqui desembarcados. Muita gente concorda com o Itamaraty, acha que estamos no nosso direito e que o melhor a se fazer é aplicar a política do “olho por olho, dente por dente”. Confesso que no dia em que a PF do Brasil começou a barrar os espanhóis também me senti “vingada”. Pô, brasileiro sendo barrado em território estrangeiro fere quem está aqui do outro lado do mundo: é questão de brio, orgulho. Mas depois, acompanhando a “descambada” geral da medida adotada, pude constatar, não sem tristeza, que estamos no caminho errado – nós e eles. É simplesmente uma falta de educação, isso o mínimo, sem falar no desrespeito com o cidadão que investiu tempo, dinheiro e expectativa em sua viagem (e não importa se a lazer ou a trabalho). Autoridades tomam decisões, violentam o ser humano (isso independe de país) e nem ao menos se predispõem a ir a fundo à questão, a resolver o problema da forma que precisa se resolver, e não de forma paliativa e espalhafatosa. Se quiserem fechar as fronteiras, que fechem, mas que isso seja política adotada, que os países proibidos de circularem pela Espanha sejam avisados, para que ao menos os “barrados” possam se precaver e evitar o destino a tal país.

Enfim... é triste, e pra chegar à essa conclusão talvez não precisasse nem me prolongar tanto nas linhas escritas... E diante de tal prognóstico, só tenho uma coisa a dizer, parafraseando alguém que não me lembro quem: olho por olho, dente por dente, e o mundo acabará cego e banguela.