quinta-feira, 14 de julho de 2011

TUDO NESSA VIDA TEM UM FIM

O Chutando Pedrinhas foi meu grande companheiro por muito tempo. Nele, derramei minha visão de mundo, meus medos, minhas alegrias e minhas filosofias. Através dele fiz grandes amigos e conheci pessoas que contribuíram para que eu me tornasse o que sou hoje. Eu só tenho a agradecer por esse espaço tão amado.

Hoje, me despeço oficialmente desse espaço. Como dizem os Los Hermanos: "todo carnaval tem seu fim" e este é o fim do Chutando Pedrinhas. Deixarei o blog ativo, ad eternum (se for possível). Foi através dele que aspirei, um dia, ser escritora. E foi através dele que comecei a dar realidade para o meu sonho.

A todos que me acompanham no Chutando Pedrinhas, peço que continuem me dando o prazer da companhia no Humanizando a Existência. Foi um grande prazer trocar tantas experiências com vocês.

Até!


segunda-feira, 30 de maio de 2011

O QUE TENHO APRENDIDO COM A MATURIDADE - E COM AS "LAMBADAS" QUE A VIDA SEMPRE ME DÁ

"O que se aprende na maturidade não são coisas simples, como adquirir habilidades e informações. Aprende-se a não voltar a ter condutas autodestrutivas, a não desperdiçar energia por conta da ansiedade. Descobre-se como dominar as tensões e que o ressentimento e a autocomiseração são duas das drogas mais tóxicas. Aprende-se que o mundo adora o talento, mas recompensa o caráter. Entende-se que quase todas as pessoas não estão a nosso favor nem contra nós, mas absortas em si mesmas. Aprende-se, finalmente, que, por maior que seja nosso empenho em agradar aos demais, sempre haverá pessoas que não nos amam. Trata-se de uma dura lição no início, mas que no fim se mostra muito tranquilizadora." 

John W. Gardner - “Renovação Pessoal”

segunda-feira, 9 de maio de 2011

RECEITA PARA FAZER DA DOR, ESPETÁCULO

100 g de autopiedade
200 g de necessidade de aceitação
50 g de questões mal resolvidas
1 pitada de criatividade
2 xícaras de drama
2 colheres de meias verdades
1 colher de sentimentalismo barato
1 colher de fermento biológico
Choro a gosto.

A base do Espetáculo é a necessidade de aceitação. Junte-a, então, à autopiedade, ao sentimentalismo barato e às questões mal resolvidas. Amasse bem todos os ingredientes até que formem uma massa homogênea e única. Acrescente o fermento e amasse por mais alguns minutos. Utilize um pano de sufoco para cobrir a massa sentimental e espere por 2 horas (tempo suficiente para que ela dobre de tamanho).

Em uma panela à parte, prepare a calda do Espetáculo. Leve ao fogo as meias verdades (caso não encontre meias verdades, substitua pelas suas verdades), o drama e a criatividade, salpicando com choro, a gosto. Misture bem e, quando ferver, desligue o fogo e reserve.

Leve a massa sentimental para assar em forno brando por 1 hora. Após esse período, verifique sua maciez e, caso esteja no ponto de corte, desligue o fogo e espere até que a massa fique morna para só então desenformá-la.

Cubra a massa sentimental com a calda dissimulada e decore com alguns gritinhos de filosofia barata.

Sirva na sua melhor travessa, de preferência aos olhos de uma platéia faminta e alienada.

Bom apetite!

A CLASSE MÉDIA EM MÚSICA

segunda-feira, 21 de março de 2011

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

É SÓ MAIS UM DESABAFO QUE TOMOU 30 MINUTOS DO MEU APERTADO DIA DE 12 HORAS.

Eu sei que é clichê, mas não deixa de ser fato: eu não tenho tempo para nada. E eu sei que essa constatação já faz parte de, sei lá, muito mais da metade da humanidade. Uns 70%? 80%? Sei lá, só sei que euzinha, com toda a minha sagacidade mental, não tenho tempo pra fazer o que considero básico: dormir, tomar café da manhã com frutas, suco, geléia, torrada, pão e café preto, namorar, passar todos os cremes que me ajudarão a chegar aos 40 com uma aparência digna, escrever, jantar em casa, brincar com os bichanos, nadar, correr, trabalhar, estudar e, finalmente, ler ou assistir a algum filme – diariamente.

Isso é o básico. Só o básico. Não é muita coisa. Mas não. Eu não tenho tempo. E por mais que eu tente, que acorde as 6 horas da madrugada e também vá dormir já na madrugada, eu continuo não tendo todo o tempo que queria ter. Ou pelo menos fazer o mínimo das coisas que me dão prazer, e que me ajudam a sobreviver. Se acordo às 6h, e fui dormir tarde, me arrasto durante o dia e tudo fica muito mais take it easy do que realmente deve ser. Se vou dormir cedo, não tenho tempo de fazer muita coisa depois da carta de alforria das 18h.

Daí eu entro num blog super legal, de uma moça super arretada, soteropolitana (pra quem fala que baiano é gente lerda...) e fico abismada: em 2010 ela leu 22 livros e assistiu a 133 filmes. Mas o pior de tudo ainda está por vir: ela faz duas faculdades, freela como jornalista para alguns veículos, escreve todos os dias (sim, todos os dias!) em todos os seus blogs, tira fotografias como hobby, toma café com amigos, vai ao cinema com o namorado, decora a casa, escreve um livro, vai à manicure e à liquidações e ainda tem tempo de ligar pra polícia pra denunciar o vizinho que bate na mulher – diariamente. Essa desgraçada não dorme! No máximo tira um cochilo de 2 horas – por semana.

Péssimo isso. Será que o problema está comigo? Eu só queria que meu dia tivesse umas 36 horas e eu pudesse fazer TODAS as minhas coisas no MEU tempo. Hehe. Será que é pedir muito, agora que trabalho a menos de 20 minutos de casa?

Odeio essa garota soteropolitana e agora odeio todas as pessoas que (nhé-nhé-nhé) tem tempo pra fazer tudo, todos os dias. E ainda por cima fazem check-in na merda do Foursquare 387 vezes, nos 387 lugares que conseguiram estar no mesmo dia, só pra esnobar os estabanados do tempo. Entre os estabanados, eu. Hunf.


p.s.: pra acabar com a minha reputação, a tal "dona do tempo" também mora em São Paulo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

EXISTEM RAZÕES PARA SE ACREDITAR EM UM MUNDO MELHOR

Para cada tanque fabricado no mundo, fabricam 131 mil ursos de pelúcia.
Para cada bolsa de valores que despenca, há 10 versões de “What a Wonderful World”.
Para cada corrupto, há 8 mil doadores de sangue.
Para cada muro construído, há 200 mil tapetes de bem-vindo.
Enquanto um cientista projeta uma nova arma, 1 milhão de mães estão fazendo bolos de chocolate.
No mundo imprimem mais dinheiro de Monopoly (Banco Imobiliário) do que dólares.
Há mais vídeos divertidos na internet do que más notícias em todo o mundo.
No Google, amor tem mais resultados do que medo.
Para cada pessimista, há 100 casais buscando um filho.
Para cada arma vendida no mundo, 20 mil pessoas compartilham uma coca-cola.
Existem razões para acreditar em um mundo melhor.

domingo, 26 de dezembro de 2010

SUPERLATIVOS

2010 foi um ano superlativo: o ano dos anos, pra ficar bem fácil de entender. Começou tímido, com cara de que seria como todos os outros, mas depois se revelou. Confesso que no comecinho torci para que ele não trouxesse consigo as tão temidas mudanças – cansaço mesmo. Pois bem... como a vida nem sempre se apresenta da forma como desejamos, acontece de a gente, de repente, ficar assim, com cara de pateta depois que ela se apresenta da forma que bem lhe convém.

Mudanças (muitas), com direito a alguns percalços que contribuíram e muito para o meu crescimento, foi o mote principal deste que foi o ano das coisas boas.

Mudança de profissão, com um plus de mudança de trabalho. Mudança de relacionamento e depois de estado civil. Mudança de terapeuta e de terapia. Mudanças em casa. Mudança de ares.

Conheci novas pessoas e novas cidades. Agora, tenho novos afetos, novos amores, novos irmãos. Me apaixonei por uma pessoa incrível (S2) e depois descobri, com uma felicidade imensa, que o amor pode ser muito maior e melhor do que a gente sempre supõe.

Com meu amor, construí uma família, que inclui duas gatas lindas, amorosas e companheiras, e que se tornou meu porto seguro. E essa é mais uma mudança que nunca havia passado pela minha cabeça: ter uma família, ser uma família. (pois é).

2010 foi um ano para se escrever no caderninho : ele deu o que falar. 2010 foi um ano de felicidades, um ano de amores, um ano de renovação. 2010 foi, definitivamente, o meu ano.

E eu, que nem queria tantas mudanças assim, agradeço por todas elas – sem exceção.

Feliz 2011 pra nós! E que ele traga quantas mudanças forem necessárias para fazer a nossa vida muito mais feliz e próspera do que já é.  =D

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UMA INVOLUÇÃO CHAMADA DEMOCRACIA BRASILEIRA

Essa eleição, ou circo para quem achar mais conveniente a denominação, é uma afronta e uma violação dos direitos mínimos de qualquer cidadão.

Em uma ponta encontra-se a candidata do governo, Dilma Roussef, que no passado comeu o pão que o diabo amassou, mas que agora, entre outras barbaridades eleitorais, comprometeu-se a escrever uma carta aberta ao povo de Deus onde vai assumir o compromisso de não legislar sobre matérias como a descriminalização do aborto e a união de casais gays.

Na outra ponta está o banana José Serra, que provavelmente é ateu (assim como Dilma Roussef), mas em prol de ganhar uma eleição se abstém de falar sobre qualquer um dos assuntos. Patético, covarde, filho da puta e desgraçado.

E nós, os idiotas brasileiros, cidadãos dignos que levam suas vidas da melhor maneira possível, ficamos no meio dessa bandalheira, dessa imundície, dessa desgraceira que chamam de democracia brasileira. Estou indignada.

Para completar a baderna, esses desgraçados cristãos – sim, para mim são todos desgraçados, no sentido de não terem graça alguma – com essa crença medíocre e tacanha, estão nos levando a uma involução sem tamanho. Enquanto países desenvolvidos, cujo povo tem o costume de ler livros que realmente ensinam alguma coisa (e não essa merda de Bíblia Sagrada da puta que pariu) estão cada vez mais próximos de uma verdadeira igualdade de direitos, nós, o tupiniquins eternamente colonos (e burros), ficamos aqui, à mercê da vontade destes crentes cretinos, enrustidos, mal amados e carentes.

Enquanto formos massa de manobra, enquanto nossa população não tiver o mínimo de educação e cultura, enquanto filhos continuarem nascendo sem pai (para quem não sabe, mais da metade da população brasileira tem apenas mãe em sua Certidão de Nascimento), enfim, enquanto continuarmos com esse pensamento retrógrado, paternalista, machista e extremamente conservador, seremos essa merda de país que se exalta por ter riqueza natural, mas que perde, e feio, em riqueza de espírito.

É O FIM!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

SOBRE POESIA, ROMANCE, ESCRITA E VIDA

Espaços vazios em papéis que antes eram adornados com letras, palavras, sentenças e frases inteiras, que até podiam vir sem ponto final ou de interrogação ou de exclamação ou mesmo sem pontuação alguma nem mesmo uma vírgula para dar o respiro necessário e possibilitar que o leitor não leia tudo de um gole só e perca o fôlego e a graça em ler, mas que queriam dizer alguma coisa, indicam não uma falta de assunto, ou a inspiração que escorrega para a beirada do penhasco e fica perigando cair e se perder naquela infinita queda – não, antes disso: espaços vazios indicam um abandono do seu próprio eu.

Escritores nadam em águas turvas, vivem experiências em seus mundos imaginários, cantam mentalmente, rodopiam pela estratosfera e presenciam o nascimento do azul do céu sem nem tirar os pés do chão. Escritores, assim como poetas, fingem tão completamente que chegam a fingir que é dor a dor que deveras sentem.

Escritores, daqueles que acordam e dormem com seus próprios eus, respiram aliviados, mesmo que atormentados. E nem os tormentos de uma cabeça prestes a esculpir um prêmio Nobel de literatura serão capazes de tirar a paz de estar em paz com ele mesmo. É a escrita, portanto, uma das salvações, dentre muitas, que nos permite dar sempre um passo à frente, mesmo quando a vida diz não.

Mas estar em falta com seu próprio eu, no caso de nós, escritores, não significa sofrer de uma vida ingrata ou injusta. Não não. Estar em falta com seu próprio eu pode significar um abandono temporário de elucubrações, histórias, romances, dramas e comédias que acontecem diuturnamente em nossas cabeças, para ir até ali ir viver a vida boa que muitas vezes está à nossa espera, bastando dobrar a esquina.

Um casamento, duas novas gatas, planos, viagens, romance, trabalho, paixão, amor, sexo, filmes, livros... tudo isso que tinha presença garantida por aqui, através da escrita, agora faz parte do meu lar, da minha própria vida. E como meu trabalho é escrever para a publicidade, não anda me sobrando tempo para, de vez em quando, dar as caras por aqui e escrever para as "trivialidades".

Um dia, quem sabe, a novidade passa. E eu, retorno. Enquanto isso, vou vivendo a vida que me cabe e que eu mereço. E, apesar de parecer o contrário, isso também é motivo para se respirar aliviada.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

AI QUE DOR

Quem disse que ter crise renal é de todo ruim?
Um dia inteirinho na cama, em casa, é melhor que só ter dor, né?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

FICA-A-DICA


Com o tempo, aprendi a desconfiar – e a manter distância – de pessoas que necessitam de uma dose diária de autoafirmação. Dessas, que são muitas, guardo distância não porque sou melhor – longe disso, mas simplesmente porque (geralmente) elas se autoafirmam tentando desqualificar o outro.

Diante disso, paira no ar uma dúvida cruel: enaltecer suas próprias características é, por fim, uma tentativa insana de tentar acreditar que verdadeiramente as possui?

Reflexão...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A FORÇA DE UM CABELO

Ao contrário de Sansão, é quando "perco" os cabelos que me fortaleço. De cabelos encaracoladinhos e curtos, eis-me novamente. Ufa, achei que tivesse perdido minha identidade!

Eu voltei.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

MEUS VOOS ENSAIADOS


Talvez que o anjo esquecido,
O anjo da poesia,
Se tenha de mim perdido
Sem reparar que o fazia...
Por isso me faltam asas
E me sobejam as penas
De um desejo inalcançado:
Que eu gostava de voar
Até ao anjo perdido
O anjo de mim esquecido,
Que por mim é tão lembrado.
Ai se eu tivesse voado
Aonde queria voar
Não estava agora a rimar
Versos de asas cortadas.
Voava junto de si
Assim fico aonde me vê
Mesmo pregadinha ao chão
Com asas de papelão
E sem entender porquê.
Pois a uns faltam-lhe asas
Mas por ter asas cortadas
Sofrem uns e outros não?
Eu tenho sofrido muito
Nos meus voos ensaiados
Que ao querer sair do chão
Ficam-me os pés agarrados,
...E por falar dos pés
Com versos de pés quebrados
Perdoe lá a quem os fez
Pelo mal dos meus pecados
Só os fiz por timidez
Que tenho em me dirigir
A quem tem por lucidez
Razão para distinguir
O bom e o mau Português.
Assim à minha maneira
Aqui venho responder
Desta forma tão ligeira
Que a sério não pode ser!


de Amália Rodrigues, Carta a Vitorino Nemésio


in Versos, Ed. Cotovia

sexta-feira, 30 de julho de 2010

ESTAVA PERGUNTADO: EU SOU NEGUINHA?

SOU!!!




EU SOU NEGUINHA?
(Caetano Veloso)


Eu tava encostad'ali minha guitarra
No quadrado branco vídeo papelão
Eu era o enigma, uma interrogação
Olha que coisa mais que coisa à toa, boa boa boa boa boa
Eu tava com graça...
Tava por acaso ali, não era nada
Bunda de mulata, muque de peão
Tava em Madureira, tava na bahia
No Beaubourg no Bronx, no Brás e eu e eu e eu e eu
A me perguntar: Eu sou neguinha?
Era uma mensagem lia uma mensagem
Parece bobagem mas não era não
Eu não decifrava, eu não conseguia
Mas aquilo ia e eu ia e eu ia e eu ia e eu ia e eu ia
Eu me perguntava: era um gesto hippie, um desenho estranho
Homens trabalhando, pare, contramão
E era uma alegria, era uma esperança
E era dança e dança ou não ou não ou não ou não ou não tava perguntando:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu tava rezando ali completamente
Um crente, uma lente, era uma visão
Totalmente terceiro sexo totalmente terceiro mundo terceiro milênio carne nua nua nua nua nua nua nua
Era tão gozado
Era um trio elétrico, era fantasia
Escola de samba na televisão
Cruz no fim do túnel, becos sem saída
E eu era a saída, melodia, meio-dia dia dia
Era o que dizia: Eu sou neguinha?
Mas via outras coisas: via o moço forte
E a mulher macia den'da escuridão
Via o que é visível, via o que não via
O que a poesia e a profecia não vêem mas vêem, vêem, vêem, vêem, vêem,
É o que parecia
Que as coisas conversam coisas surpreendentes
Fatalmente erram, acham solução
E que o mesmo signo que eu tenho ler e ser
É apenas um possível ou impossível em mim em mim em mil em mil em mil
E a pergunta vinha:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?

quinta-feira, 29 de julho de 2010

FRAGMENTOS DE CLARICE

“Gosto do modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão.”

“O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão mais inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão.”

“Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.”

“Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.”

“Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.”

“Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”

“A palavra é o meu domínio sobre o mundo.”

“Por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar, eu me perderei, e por me perder eu te perderia.”

“E ela não passava de uma mulher... inconstante e borboleta."

AOS QUE MORREM DE FOME

O México festeja seus mortos. Os mexicanos espreitam e convivem com a morte. Fazem festa para ela, e com ela, e a isso chamam de “Festa dos Mortos”. Eles encaram a morte com uma supremacia soberana. Aproximam-se dela e a frequentam. Fazem da morte não um fim, mas uma ponte entre o mundo dos vivos e o mundo onde vivem seus antepassados. E o mais importante: sabem que a vida os curou do medo da morte, pois é a própria vida causadora de lágrimas. É bonito pensar assim. É poético, até.

A dor da perda de um filho é, provavelmente, a dor de amor-perdido mais doída que um ser humano pode experimentar. Provavelmente, digo eu, porque não sou mãe.

Cissa Guimarães, conhecida atriz global, experimentou essa dor. Lamento muito, de verdade. Não por ela ser quem é (uma pessoa que empresta a sua imagem para entreter a massa), mas por ser um ser humano. Mãe nenhuma deveria ter o desprazer de ter que enterrar um filho. Mas... ces’t la vie, as coisas acontecem.

Hoje, família e amigos fizeram uma homenagem ao jovem morto. Não vi detalhes, mas pelo o que pude perceber foi até, de certa maneira, uma festa. Uma festa em homenagem a uma pessoa que viveu 18 anos, e morreu como tantos outros vivem e morrem todos os dias. Música, homenagens escritas, homenagens em forma de pichações, lágrimas, sorrisos (afinal a vida continua), mas sempre dor, dor, dor... No final, todos voltam às suas casas, em seus carros blindados (estamos falando do Rio de Janeiro e estamos falando de artistas globais) e o que provavelmente será comentado é em como o rapaz era uma pessoa magnífica, cheio de luz, um futuro brilhante e promissor pela frente, etc.

Cada um tem o direito de comemorar seus mortos, ou seus vivos, da maneira que bem entender. Cada um externa o seu sofrimento da forma que bem entender. É uma questão íntima. É cultural. Não importa. Não sei, mas acredito que diante da perda de um filho, eu simplesmente recolher-me-ia, não clamando pena, mas como um movimento natural de interiorização para aprender a superar a falta que um ente querido causa. É lacuna que nunca mais será preenchida, e há que se ter muita habilidade para lidar com o vazio.

Enquanto alguns fazem alarde da morte de uma única pessoa, reflito sobre os que morrem de fome. Milhares deles. Aqui, ali, acolá. Sem homenagens, sem direito a serem velados, sem direito a uma vala. Morrem, deixam de existir e para o mundo é como se não tivessem existido. Enquanto estamos todos bem, seguros em nossas casas, cujas janelas têm grades imensas, vamos levando nossa vidinha.

Não quero abraçar o mundo, nem ser Robbin Hood, mas me dói saber que em algum lugar do mundo, neste momento, uma criança morre de fome. E nenhuma plaquinha em sua homenagem será erguida. Ces’t la vie...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

LIÇÃO

A gente ri, a gente chora
E joga fora o que passou
A gente ri, a gente chora
E comemora o novo amor!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

UM POUCO DE EDUCAÇÃO PARA A POLÍTICA E TOLERÂNCIA NÃO FARIA MAL A NINGUÉM


O liberalismo econômico não vem necessariamente acompanhado de um liberalismo comportamental. Se viesse, pelo menos seria um prêmio de consolação diante da barbárie do “salve-se quem puder”. (Leonardo Sakamoto)


Você votaria em alguém que defende o casamento gay?
Por Leonardo Sakamoto: http://blogdosakamoto.uol.com.br/

De Medellín, Colômbia – Está aberta a temporada de caça aos direitos do cidadão! Ou, em outras palavras, começou a campanha eleitoral.

Já estava resignado de que o Brasil não conhecerá mudanças no seu modelo de desenvolvimento nos próximos quatro anos tendo em vista o leque de opções de candidaturas com chances reais que temos em mãos. Ganhe quem ganhar, a busca pelo progresso custe a quem custar vai continuar sendo a tônica no país. Afinal de contas, nenhum dos candidatos topará comprar uma briga para tentar civilizar práticas do mercado e do agronegócio que, hoje, tornam a vida de um número não desprezível de povos e trabalhadores no campo um inferno. Pelo contrário, se seguirem a toada de hoje, vão fechar os olhos se isso gerar resultados econômicos no curto prazo. Laissez faire, laissez aller, laissez passer!

O liberalismo econômico não vem necessariamente acompanhado de um liberalismo comportamental. Se viesse, pelo menos seria um prêmio de consolação diante da barbárie do “salve-se quem puder”. Na prática, coloca-se abaixo qualquer regra que pode fazer com que a economia não vá tão rápido quanto possível (Abaixo o Código Florestal! Viva o celacanto que provoca maremoto!), mas se mantém todas as normas bizantinas de convivência. O dinheiro é livre, as pessoas, não.

Estou acompanhando, mesmo de longe, as entrevistas com os candidatos à presidência pela TV Brasil. Como gostaria que um(a) deles(as) tivesse a coragem de vir a público e defender, sem meias palavras, sem legalismos, sem se esconder atrás de rodeios linguísticos, que defende o direito das pessoas de serem elas mesmas e de poderem usufruir da liberdade de decidir a própria vida. Sobre o casamento gay, Serra disse que o Estado não tem que mexer nessa área, Dilma disse que apóia a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Mas nada de falarem de matrimônio legal, como na avançada Argentina aí do lado.

Esse é o problema de guiar uma campanha por pesquisas de opinião e não por um conjunto de propostas programáticas. Verifica-se qual a posição da maioria e ripa na chulipa. São feitas rodadas de discussão qualitativas para buscar as características do candidato ideal, semelhante àquelas dos consumidores que são chamados para discutir o iogurte, a TV de plasma ou a pasta de dente perfeitos. A diferença é que o que estão em jogo são cargos públicos e não a venda de um produto. Ou não. No meio do caminho, rifa-se a possibilidade das minorias terem seus direitos respeitados.

Em 2007, uma pesquisa Datafolha apontou que 55% dos brasileiros defendiam a adoção da pena de morte, 57% eram contra a eutanásia (o direito do paciente terminal de pôr fim à sua própria vida), 65% defendiam que a lei do aborto não fosse ampliada para além dos casos de estupro e risco para a mãe, 49% rejeitavam a união civil homossexual (ou seja, a maioria, uma vez que 42% eram a favor) e 52% eram contrários à adoção de filhos por casais do mesmo sexo. Junte a isso que a maioria da população defende a posse de armas de fogo (taí o resultado do plebiscito do desarmamento para não me deixar mentir), o apoio à redução da maioridade penal, à prisão perpétua, à manutenção do uso de drogas como delito e por aí vai

Também há três anos, uma pesquisa encomendada pela revista Veja à CNT/Sensus mostrou que 84% dos brasileiros votariam em um negro para presidente da República, 57% dariam o voto a uma mulher, 32% aceitariam votar em um homossexual e 13% votariam em um candidato ateu.

Parece que, para ser candidato nesta eleição, é necessário se despir de qualquer opinião própria e desistir de ser si mesmo para seguir um gabarito a fim de que a maioria dos eleitores se reconheça nele e dê seu voto. Mas é isso o que se espera de um bom candidato, que seja alguém à minha imagem e semelhança e não uma liderança política que possa governar o país? Devo dar meu voto a alguém que pense exatamente como eu ou que possa levar o país a um novo patamar de civilidade e de qualidade de vida para todos? O que é democracia? Um governo totalitário da maioria ou um governo da maioria em que as minorias são respeitadas?

Um pouco de educação para a política e para a tolerância não faria mal a ninguém.

Em uma guerra, a verdade é a primeira vítima. A frase, que virou história e é citada ad nauseam em faculdades de jornalismo, foi dita originalmente pelo senador norte-americano Hiram Johnson em 1917. Ela serve, como uma luva, para a guerra pelo voto. Até porque não acredito que essas posições conservadoras dos candidatos prevaleçam. Teremos que esperar 2011 para saber se vão apoiar o direito ao aborto ou mesmo o casamento gay ou darão as costas para políticas de efetivação dos direitos humanos. O eleitor reclamará que foi enganado mas, no fundo, ele também foi cúmplice nesse teatro.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

REPEAT

NO EXPECTATIONS

Aprendi, depois de muito quebrar a cara, a não criar expectativas. Degustar, sentir, conhecer calmamente, esperando que o outro, quando se trata de pessoas, me traga o que ele realmente é, e não aquilo que estou projetando e esperando que ele seja.

Com você está sendo bom, muito bom. Estou te deixando ser, e me deixando ser, e isso significa que quero te conhecer verdadeiramente, e que estou alerta para não projetar um desejo meu de que você seja assim ou assado.

Como dissemos hoje: as coisas acontecem quando realmente tem que acontecer.

E não se esqueça: assuma sempre seus desejos, honey...  ;-)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

AI AI...

Acho que meu suspiro não caberia nessa página...
bendito domingo! rsrs



sábado, 17 de julho de 2010

É

De um filme que assisti hoje de manhã... uma senhora no leito de morte, mas muito lúcida, questiona uma moça se esta já havia contado para a irmã mais velha que o cara com o qual estava saindo havia feito algumas cachorradas, no que ouve da moça o seguinte:

- Para que contar a ela? Ela vai dizer "eu te avisei"...

A senhorinha replica:

- Minha querida... sua irmã lhe deu um trabalho e onde morar... você tem que se apegar ao que as pessoas fazem, às suas ações, e não ao que dizem ou pensam - sejam promessas, sejam palavras de repúdio.

Então... é, né? A gente sempre sabe que atos contam muito mais que palavras, mas parece que ainda somos idiotas ao acreditar (e depositar expectativa) nas palavras de pessoas que ainda nem sabem o que querem da vida. Ou sabem, mas não tem coragem de assumir.

Enfim... ces't la vie!

ps: eu deveria ter escrito isso há muito tempo... é mais uma constatação do que qualquer outra coisa.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

DESISTO

Já li tudo, cara, já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acupuntura, suicídio, yoga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia, sobrou só esse nó no peito, agora o que faço? Não é plágio do Pessoa, mas em cada canto do meu quarto tenho uma imagem de Buda, uma de mãe Oxum, outra de Jesuzinho, um pôster de Freud, às vezes acendo vela, faço reza, queimo incenso, tomo banho de arruda, jogo sal grosso nos cantos e não te peço solução nenhuma.

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 15 de julho de 2010

AI AI...

"Você passa, eu paro
Você faz, eu falo
Mas a gente no quarto sente o gosto bom que o oposto tem
Não sei, mas sinto, uma força que embala tudo
Falo por ouvir o mundo, tudo diferente de um jeito bate"


Sem mais para o momento,

Bruna.